O que é? Para que serve?


A idéia desse blog surgiu quando voltei da viagem ao deserto do Atacama, em Janeiro de 2011. Desde o fim de 2009 fiz postagens no cdfmoto.blogspot.com, criado e utilizado pela Ju e Toni. Como as nossas postagens começaram a ficar 'embaralhadas', optei por compilar os meus também para cá e, quem sabe começar a acrescentar algo mais...

Para que serve? Além de ser um depósito para os meus escritos, a intenção é que sirva para mais alguém curtir e até como fonte de informação para quem for viajar por esses caminhos. De moto ou não.

Atacama - Janeiro de 2011

Lá vamos nós de novo. Desta vez para Atacama.


Pois é gente. Estamos em Monte Verde, casa da Ju e Toni, elaborando planos para a nova viagem, desta vez para Atacama. A idéia é sair logo após o ano novo, levando mais ou menos uma semana até chegar a San Pedro de Atacama (Chile). Lá pensamos em fazer um passeio de 4 dias até o salar Uyuni, na Bolívia. Mas essa parte não será de moto. Em http://atacamamistica.cl/home/Frameset.html dá para ter uma idéia deste passeio. Na volta pensamos em atravessar o Paraguai. Nossos planos são:

02/01 - Campinas - Londrina - 550 km (Toni e Ju), Bauru - Londrina - 309 km (Zé Mauro e família);
03/01 - Londrina - Foz do Iguaçu - 510 km;
04/01 - Foz do Iguaçu - Posadas (Argentina) - 312 km, visitando Misiones;
05/01 - Posadas - Corrientes - 322 km;
06/01 - Corrientes - Salta - 830 km (ou, provavelmente, algum lugar no meio do caminho, caso não aguentemos o calor do Chaco Argentino);
07/01 - Salta - Purmamarca - 183 km;
08/01 - Purmamarca - San Pedro de Atacama (Chile) - 411 km;
09 a 12/01 - San Pedro de Atacama - Uyuni (Bolivia) - San Pedro de Atacama (passeio pelo Salar)
13/01 - San Pedro - Salta (Argentina) - 594 km;
14/01 - Salta - passeio na cidade e arredores;
15/01 - Salta - passeio no circuito do trem das nuvens;
16/01 - Salta - Corrientes - 830 km (ou, de novo, algum lugar no meio do caminho por conta do calor do Chaco Argentino);
17/01 - Corrientes - Asuncion (Paraguai) - 354 km;
18/01 - Asuncion - passeio na cidade;
19/01 - Asuncion - Campo Mourão - 655 km;
20/01 - Campo Mourão - Londrina - 187 km, - Campinas - 725 km ou Bauru - 490 km;


PROFUSÃO DE NOTES E NETBOOKS, CONECTADOS À INTERNET ALHEIA, USADOS PARA O PLANEJAMENTO DA VIAGEM.

Atacama: 03/01 - De Londrina a Foz - 530 km

Ontem o Toni e a Ju chegaram em casa lá pelas 3 e meia da tarde e o Zé Mauro e família (irmão do Toni, que mora em Bauru) chegaram as 10 da noite.


Todos nos enchemos de pizza (mais Luis, Joice, Rigoberto, Pedro, Carmen, Mariana, minha mãe e irmã, ou seja, casa cheia) e fomos dormir lá pela meia-noite.
Acordamos as 5 e saímos antes das 6 e meia. O tempo estava ótimo para viajar. Nublado, ameaçando, mas sem chover.


Paramos no posto Tio Patinhas, em Campo Mourão, para abastecer o tanque das motos, caminhonete e os nossos. Pensei em ligar para a Gislaine ir nos dar um oi, mas como ainda era 9 da
madrugada (para ela) .....
Paramos de novo depois de Cascavel, abastecemos, e tocamos até o Hotel Cassino em Foz do Iguaçu (não gostei, portanto, não recomendo).
Chegamos 1 e meia da tarde, trocamos de roupa e fomos ver as cataratas (primeira vez para a Juliana, Suzana, Pedro e Amanda). Lá caiu uma p... chuva, mas foi até bom para refrescar.







O Zé Mauro e família foram ao Paraguai, apesar dos nossos avisos de que era bobagem. Não deu outra... não ficaram nem 15 minutos lá, horrorizados com o 'ambiente'.
Todos fomos à chopperia Rafain, forrar o bucho com muitas porções.
Acreditem ou não, logo após isso o Zé Mauro e família ainda saíram comer pizza...
A minha moto está maravilhosamente afinada. Não dá uma tossida e anda 'lisinho', além de muito econômica.

Atacama: 04/01 - De Foz a Posadas (Argentina)

04/01 - De Foz a Posadas (Argentina) - 330 km, aproximadamente 860 desde Londrina (ok, Paulinho?);

Combinamos de tomar café no primeiro horário do hotel (7 horas) e sair logo em seguida, o que acabou acontecendo 2 horas depois....
Fizemos rapidinho a imigração para a Argentina, abastecemos em Puerto Iguazú - já apareceu a primeira fila - e fomos atrás de um cambão para a caminhonete do Zé Mauro (é um tipo de haste metálica para reboque de veículos - parece que na Argentina é obrigatório as caminhonetes carregarem isso).


Não pude ajudar o Zé Mauro com o pedido na loja de autopeças (repuestos). Entre outros nomes o cambão é conhecido aqui como 'vara'. Eu é que não ia entrar numa loja e pedir uma vara a um argentino....
Andamos por uma boa estrada, pedagiada a preços ridicularmente baixos, além de moto não pagar. Em praticamente toda subida havia a 'tercera trocha' (terceira faixa), bem sinalizada, com acostamento de mato cortado, etc. Apesar do limite de 80 km/h todo mundo anda a 100, 110 ou até mais.
Por uns 20 ou mais km andamos dentro do parque Iguazú, com vegetação nativa, e depois por um trecho bem grande de reflorestamento, entremeado com plantações de erva mate. Madeira, papel e erva mate são os expoentes econômicos da região.



Paramos de novo para abastecer perto de Puerto Rico e babando para encarar um parrillada, quando nos tocamos que na Argentina o horário é 1 a menos do que no Brasil, ou seja, era muito cedo. Nos viramos num sanduba mesmo.


Próximo de San Ignácio a paisagem começa a mudar e a pastagem predomina. Paramos por lá (San Ignácio Mini) para visitar uma redução jesuítica.


Muito legal!!!! Era enorme. Vejam as fotos. E pensar que muitos brasileiros passam na porta (menos de 1 km da rodovia) e não entram para ver...









De lá tocamos até Posadas, onde nos hospedamos na Pousada Maryland. Aqui está um calor infernal (hoje viajei o dia todo só de camiseta, não tive coragem de usar a jaqueta). Agora estamos nos refestelando no ar condicionado, antes de sair e cair de boca na nossa primeira parrillada.

Atacama: 05/01 - De Posadas a Corrientes

05/01 - De Posadas a Corrientes - 330 km, aproximadamente 1.190 desde Londrina;

Ontem, conforme previsto fomos comer parrilla. Como disse ontem aqui é uma hora a menos que o Brasil, e os restaurantes abrem as 8, ou seja, estávamos varados de fome. Eu estava intratável, chutando perros (cachorros) na rua, de tanta fome.
E ainda foi uma função definir aonde comer, pois o melhor recomendado não aceitava cartão de crédito. Aliás, isso está virando uma constante por aqui. Ano passado, na viagem ao Ushuaia, escrevi que a Argentina  parece ter parado no tempo, mas agora dá a impressão que, até mais do que isso, até está voltando no tempo. A quantidade de imóveis e equipamentos abandonados impressiona. Em alguns locais parece uma cidade fantasma, ou 'país fantasma'. Até barcos (veleiros, inclusive) na margem do rio Paraná. De dar dó.
Comemos um monte de bifes de chourizo, com papas (batatas) fritas, acompanhados de boa cerveja Quilmes Cristal (de gosto bem parecido com a nossa Skol) e, para acabar a lambança, pudim de leite com doce de leite. Cai na cama que nem vi o olho fechar...

Hoje levantamos cedo (eu a a Inha) e fomos caminhar uns 40 minutos. Todos tomamos café lá pelas 8, nos aprontamos e saímos em direção à Corrientes. O calor já estava pegando forte....
Aqui a topografia já é toda plana. Abastecemos na saída e tocamos uns 160 km até nova parada, no meio de pastagem e reflorestamento. Nas estradas daqui sempre há umas capelinhas, cercadas de bandeirinhas vermelhas, dedicadas a 'El Gauchito', ou outras entidades. Muitas vezes garrafas com água são deixadas ao lado pelos devotos.






Na parada novo abastecimento, sem aceitar cartão de crédito. Mas vimos o frentista passando um cartão para um cliente Argentino.... Espero que não seja simples discriminação. Lá comi um daqueles famosos sanduíches de bife a milanesa, típicos daqui. Os restantes 150 km até Corrientes foram um suplício de calor, retas e pastagens dos dois lados da estrada, somente uma grande plantação de arroz para quebrar a mesmice. Tomamos uma pequena pancada de chuva, que ajudou refrescando. Nem parei para por capa de chuva, preferi me molhar um pouco, mas acho que pagarei por isso pois desde 2a-feira que um resfriado vem me perseguindo. Chegando perto de Corrientes o céu começou a ficar nublado, o que ajudou a aplacar o calor. Chegamos, abastecemos, e fomos direto ao hotel Guarani. Muito bom e, comparando por tudo que já vi, com ótima relação custo/benefício. Vi esse hotel nas fotos do Sérgio, de Cuiabá, que passou por aqui em Novembro, em direção aos 'Caracoles' (travessia da cordilheira em direção à Santiago). Não conheço o Sérgio pessoalmente ainda, mas ele é um dos amigos que fazemos neste tipo de 'viagem'. E isso é muito legal.
Agora o pessoal está dando uma olhada nas lojas daqui, no 'peatonal' (calçadão), enquanto curto a minha dores - de garganta e de cabeça - gripais.
Amanhã madrugaremos para enfrentar o maior trecho (uns 600 km) e tentar escapar do famoso calor do 'chaco argentino'.

Atacama: 06/01 - De Corrientes a Joaquín V. Gonzales

06/01 - De Corrientes a Joaquin V. Gonzales - 610 km, aproximadamente 1.800 desde Londrina;

Ontem, em Corrientes, jantamos no hotel mesmo. Comida, preço e ambiente muito bons. Para variar comi mais um bife de chourizo. Esse hotel (Guarani) é, sem dúvida, uma ótima opção.
Tentamos sair bem cedo, com medo do calor, mas acabamos deixando o hotel pouco antes das sete da manhã.




Já tinha ouvido falar de que nesta região as motos devem seguir pela marginal da rodovia. Uma bobagem típica da Argentina, mas uma bela maneira dos guardas te pararem para a tradicional 'mordida'. Então seguimos pela marginal, mas perdi a saída para a ponte que cruza para Resistência. Neste momento perdi-me também do Toni e do Zé Mauro, fiz uma volta e já na ponte eles reapareceram atrás. Ufa!


Tocamos até Presidencia Roque Saens Pena (quase 200 km) - onde também as motos tem que trafegar pela marginal - e ao parar para abastecer a velha ladainha: no hay nafta!! Para abastecer tivemos que entrar na cidade e aproveitei para encher o galão de 20 litros que o Zé Mauro está carregando para mim.


Mais uns 150 km, em Pampa de Los Guanacos, nova parada para abastecimento num posto totalmente podre: desde os banheiros até a gasolina. Além de cara, uma porcaria, pois o motor da moto começou a trabalhar 'quadrado'.




Mais uns 150 km, em Taco Pozo, nova parada, novo abastecimento e dessa vez num posto YPF do ACA (Automóvel Clube Argentino). Tudo muito bom e gasolina barata. Aproveitei para completar o tanque com gasolina premium, para tentar reverter o mal do abastecimento anterior. Funcionou.
Neste posto apareceu uma turma de São Paulo voltando do Atacama. Havia, inclusive, 2 mulheres pilotando as motos. Uma estava com a filha na garupa e o marido em outra moto com o neto na garupa também.


Mais 110 km e chegamos a Joaquin V. Gonzales, onde ontem decidimos dormir para evitar muitas horas no calor escaldante do chaco argentino. Calor que, afinal, não apareceu. O dia estava fresco (para os padrões daqui) e nublado em boa parte do tempo. Até uns pingos de chuva deram a cara...


Chegando em Joaquin V. Gonzales vimos um mega super plus hiper confinamento bovino, de proporções cataclismicas!


No posto, na entrada da cidade, encontramos um argentino, de honda transalp, indo para o Peru e que pretende voltar pelo Chile. Ano que vem quero passar por lá...


Estamos no Hotel Colonial que, pelo que li, é o melhorzinho daqui. Mas é bem fraquinho....
Daqui a pouco, se tiver chance, encararei outro bife de chourizo.
Amanhã vamos passear nos arredores de Purmamarca, onde dormirermos.

Atacama: 7/01 - De Joaquin V. Gonzales a Purmamarca

07/01 - De Joaquin V. Gonzales a Purmamarca - 320 km, aproximadamente 2.120 desde Londrina;

Na noite passada não fui jantar porque estava com gripe (mal sabia o tamanho da encrenca que isso ia virar...). O pessoal foi, no que parecia mais um botequim do que restaurante, mas acabaram comendo a melhor carne da viagem até agora. A cidade, como o restaurante e o hotel, é feiosa.


De lá tocamos em direção à Purmamarca, com o asfalto piorando cada vez mais, até chegar numa ótima pista dupla.



E aí a paisagem começa a mudar, com vales montanhas, etc.




Chegamos em Purmamarca, nos instalamos na ótima Hosteria Terrazas de la Posta.


Resolvemos ir logo ver Tilcara e Humauaca (60 km adiante) que, junto com Purmamarca e San Pedro de Atacama devem formar o paraíso 'bicho grilo' do cone sul. Uma maravilha!!! Para quem gosta.....



Voltando de Humauaca, em Tilcara, paramos para abastecer e... adivinhem??? Isso mesmo, não havia gasolina. Ficamos um tempão esperando na 'cola' (fila) até conseguir encher os tanques das motos.


Voltamos para Purmamarca, curtimos ainda um pouco a cidade, jantamos e nos preparamos para sair cedo em direção à San Pedro de Atacama.



Atacama: 08/01 - De Purmamarca a San Pedro de Atacama (Chile)

08/01 - De Purmamarca a San Pedro de Atacama - 420 km, aproximadamente 2.530 desde Londrina;

Saímos logo após tomar café da manhã, achando que ia ser rápido fazer a travessia do Paso de Jama, afinal seriam só pouco mais de 400 km. De cara a paisagem foi mudando mais e ficando de arrasar.







Subimos uma sequência de montanhas e demos de cara com um salar. É claro que tive dar uma lambida para comprovar se era sal mesmo. Era, e como era. Até agora tudo que ponho na boca ainda está muito salgado. Até açúcar.

 


Em Susques, antes da fronteira, paramos numa ótima hospedaria/restaurante/posto (sem gasolina, é claro) - Pastos Chicos - comemos e tomamos o tal chá de folha de coca.


Uma Uruguaia, casada com um Argentino, e que moraram em São Paulo, nos atendeu muito bem em muito bom português. Aliás, ótimo lugar para dormir também. 
Fizemos a imigração e aduana Argentinas, paramos num posto um pouco à frente para colocar a gasolina do galão nas motos e fomos em frente.
A travessia do lado chileno é ainda mais linda. Sem dúvida uma travessia que merece ser feita. Muito mais do que o Paso do Cristo Redentor (entre Santiago e Mendoza), que fizemos há um anos atrás.






E assim chegamos a San Pedro de Atacama, perto das 6 da tarde - 9 horas de viagem.


E San Pedro de Atacama? Um horror!! Dizem que isso aqui tem registros de população com 9.000 anos. E até hoje não arrumaram. E não me digam que é para conservar a originalidade, porque duvido que isso esteja acontecendo. Quase tudo muito caro, serviço ruim, etc. Não combina com o Chile. Mas, como não tive tempo suficiente para ver com mais calma, me reservo o direito de numa próxima vinda aqui (meus planos são para o início do ano que vem) refazer, ou confirmar, a crítica.
Fomos a agência de passeios turísticos Atacama Mística acertar o nosso passeio de amanhã e fomos jantar no restaurante Delicias Del Carmen (bom e com preços decentes), por indicação do Edegardo, responsável pela agência.
Fizemos a opção de, desta vez, de não conhecer os arredores de San Pedro de Atacama, mas sim irmos à Bolívia e conhecer o altiplano em torno do Salar de Uyuni (Bolívia). Esse passeio sai daqui, entra na Bolívia, e retorna aqui 4 dias depois.
Por falar no passeio, olhem só: são 4 dias (3 noites) com transporte em Toyotas Land Cruiser a gasolina (devem fazer uns 5 km/litro, no máximo), hotel e refeições incluídas. Tudo por mais ou menos 180 dólares por cabeça. Trajeto de uns mil km, sendo 900 em estradas de terra. Pela bagatela dá para imaginar o que nos espera, né? Aguardem.

Atacama: 09 a 12/01 - Salar de Uyuni, Bolívia

09 a 12/01 - Salar de Uyuni, Bolívia 
Pois é, assim como acredito que a maioria de vocês, até muito pouco tempo atrás eu nunca tinha ouvido falar de Uyuni, na Bolívia, e nem sequer de Salar (um tipo de lagoa de água salgada que secou e o sal ficou sendo a superfície). Esse tem doze mil quilômetros quadrados e no centro chega a ter 100 a 200 metros de profundidade. Só de sal. Não errei nos números não, é isso mesmo. É o maior do mundo. Se derem uma olhada no Google Earth vão ver na América do Sul um ponto branco que se destaca.


Olhando mais de perto dá para ter uma idéia do tamanho da coisa....


Como disse antes o passeio dura 4 dias e 3 noites. Sai de San Pedro de van (antes tem que dar saída do Chile na imigração, um pé no saco de novo), vai até a fronteira da Bolívia (uns 50 km, a imigração é rapidinha e não há aduana) e lá entramos em 5 nos 'coches' (carros Toyota Land Cruiser, dos quais fiquei fã incondicional)...


 

e saímos por um circuito de uns 900 km, passando por lagoas, salares, vales, vulcões, povoados, minas, a cidade de Uyuni, etc.





Sente-se andando pela superfície de outro planeta. As paisagens são belíssimas e não cansam de surpreender.





Também como disse antes, o passeio incluí tudo (refeições, hospedagem, transporte) por 180 dólares (uns 300 reais).... Então, dá para imaginar o tipo de estrutura que te espera, né? Detalhe: não há outra alternativa. Ou é desse jeito ou não é. Mas, mesmo assim, pelo que foi oferecido em troca do que paguei, considero o preço ridículo. Poderia-se cobrar, pelo menos, o dobro e em troca oferecer alguns pequenos detalhes, como banhos nas pousadas, etc. É uma região muito pobre que descobriu há bem pouco tempo o turismo com fonte de renda. Mas está se transformando muito rapidamente e em breve a coisa deve explodir por lá. Até um aeroporto internacional está sendo construído em Uyuni.







Mas tem um detalhe perverso: a altitude!!!! Na maior parte do trajeto fica-se entre 3.500 e 4.000 metros. A sensação é ruim, mas suportável para a maioria das pessoas. Mas tem o primeiro trecho, em que chegamos a mais de 5 mil metros para ver os geisers e dormimos numa pousada a 4.500 metros... Aí o bicho pode pegar.... E para mim pegou mesmo! Nunca me senti tão mal e por tanto tempo. Foram umas 18 horas de uma dor de cabeça lancinante, sem dúvida, FORAM AS PIORES HORAS DA MINHA VIDA!!! Desse primeiro dia aproveitei muito pouco, pois boa parte do tempo fiquei deitado, mesmo dentro do carro. E não fui só eu que fiquei ruim. Muita gente também. Poucos foram o que não sentiram quase nada. Depois disso o corpo se acostuma e, também como descemos uns 1.000 metros, a coisa melhora e aí passa a valer o sacrifício. Talvez o que aconteceu comigo pode ter sido potencializado pela gripe que estou, que teima em não ir embora e que agora parece que a Inha está pegando...
Vale a pena? Resposta difícil.... Pelas paisagens, sem dúvida. Pela estrutura, ninguém vai morrer por conta disso. Mas pela tal da 'Puna' (mal da altitude)...... não sei se encararia se realmente tivesse noção do que é isso.
No 4o dia, nos deixam na fronteira Bolívia/Chile (onde a corrupção boliviana nos morderam uns 5 dólares para 'sair do país' e, novamente, o pé no saco da imigração e aduana do Chile) e a van nos traz de volta à San Pedro de Atacama.
Ah! Existe a opção de fazer o passeio saindo de Uyuni, na Bolívia, como fez o Airton Nozawa (meu colega na UEL). Sem dúvida é mais negócio pois, além de sair mais barato ir para lá, não tem tanta encheção de saco de imigração e aduana.
As imagens mostram alguma coisa de lá e do passeio.

























Atacama: 13/01 - De San Pedro de Atacama a Salta (Argentina)

13/01 - De San Pedro de Atacama a Salta - 600 km, aproximadamente 3.130 desde Londrina;

Agora iniciamos a volta. O caminho já é conhecido, o mesmo da ida, com excessão de uns 45 km de pista dupla (pedagiada, mas moto não paga). Saímos depois das 9, pois a imigração e aduana chilenas só abrem as 8 da manhã (as filas e a demora foram as de sempre). Já tinha ouvido falar que na volta a travessia da cordilheira é ainda mais bonita, provavelmente devido ao ângulo de visão e à posição do sol iluminando a região. De fato, foi lindo o trajeto (fotos para comprovar). Na ida acabou a bateria da máquina fotográfica e ficamos sem registrar muita coisa.












Tínhamos a preocupação de falta de combustível na Argentina, mas no posto logo após a fronteira havia combustível. Enchemos os tanques e eu o galão de 20 litros que o Zé Mauro está levando para mim.
Meus amigos motociclistas devem estar um tanto decepcionados com a falta de detalhes 'técnicos' sobre as motos nos e-mails... É que não tenho o que falar. Minha moto está simplesmente perfeita, sem nenhum tipo de 'tosse' ou outro problema qualquer e que foram uma constante na viagem à Ushuaia, ano passado. O consumo surpreende a cada abastecida. Imaginava que na altitude gastaria mais. Pelo contrário. A última média foi de 18 km/L. Ela nunca fez isso antes... Justo agora que estou no momento de decidir trocá-la. Ano passado fiquei na dúvida, acabei mantendo-a e comprando outra...
Chegamos em Salta no fim da tarde e fomos direto para o hotel Portal de Salta. A cidade fica numa planície, justamente ao lado de uns morros. Descendo esses morros, na chegada, dá para avistá-la inteira.

  
Aqui vamos ficar 3 noites e 2 dias para conhecer a cidade, dita 'La Linda' e a região.

Atacama: 14 e 15/01 - Salta, La Linda

Salta, capital da província (estado) com o mesmo nome, tem seguramente mais de 500 mil habitantes, o que me leva a comparar com Londrina. Mas, fora isso nada mais tem a ver. Tem mais de 400 anos de uma rica e heróica história, que se traduz na cultura que se vê refletida em todos os cantos.







Além disso, tem avalanches de turistas de dentro e fora da Argentina. Hermosas mochlileiras vão para lá e para cá e, na praça principal - visita obrigatória como disse a gerente do hotel - há uma ferveção social e cultural intensa, de dia e de noite (fora o horário da siesta, é claro).












O centro da cidade é intensamente frequentado, seguro de dia e de noite. Quase igual Londrina....



Salta é uma ótima (e barata) opção de passeio. Voltar para cá, ficar uns 2 ou 3 dias, alugar um carro e ir à Purmamarca (mais uns 2 ou 3 dias) e de lá subir a cordilheira até a divisa com o Chile está nos meus planos de médio prazo.
Tem também várias opções de passeios, com o trem das nuvens (que não funciona nessa época do ano) e excursões à vales, desertos, etc. Como todos já estávamos um tanto saturados disso, resolvemos ficar por aqui os dois dias.
Amanhã saímos cedo em direção à Resistencia/Corrientes, mas vamos decidir onde dormir durante o trajeto. Vai depender do cansaço, já que são mais de 800 km. 2a-feira chegaremos à Assunção (Paraguai).


SALTA LA LINDA
Andariego del mundo, turista o vagabundo, llegas a esta tierra de valles y de sierras, de nieves y verdores, de creyentes y pastores, de guerreros que fueron de pueblos que se hundieron, y de imágenes santas de tradiciones tantas, que te hablaran de amor, de fervor y de dolor...
Andariego del mundo, turista si eres rico, si pobre vagabundo, contempla el blanco pico, de aquella alta montaña, que holló gente de España en busca de aventuras...
Admira la hermosura de esta ciudad y valle, de la típica calle con encajes de hierro, vé a aquella cruz del cerro y la cruz de los fulgores del sol que se levanta para besar las flores de la ciudad que encanta... Ciudad de estirpe hispana cercadas de colinas, norteña soberana de tierras argentinas...
Andariego del mundo, aspira muy profundo, en la paz de este ambiente, dónde es calurosa la gente de un sentir generoso y de un hablar melodioso... Que este valle de Lerma reponga tu alma enferma, de prisas e inquietudes con las ciertas virtudes de sus bellos paisajes de cambiantes celajes...
Y cuando ya te alejes, y estos lugares dejes, sabrás por tú mirada que el último adiós brindas, porque Salta fue y será llamada... ¡¡¡SIEMPRE!!!
SALTA LA LINDA.
Emilio Viñals

Atacama: 16/01 - De Salta a Corrientes

16/01 - De Salta a Corrientes - 830 km, aproximadamente 3.960 desde Londrina;

Esse trecho também já percorremos. É o tal chaco argentino (parente distante do nosso pantanal, com muita agricultura e máquinas agrícolas enormes), que na ida nos poupou do seu calor, mas dessa vez.....


Andamos mais da metade do trecho acima dos 40 graus, atingindo até 42. Essa foi a maior temperatura que já peguei. 
No carnaval de 1973 ou 74, em Bauru, a temperatura chegou a 41. Esse era o meu recorde anterior. (Fábio: lembra daquele baile de carnaval no BTC em que compramos uma champagne e ficamos completamente bêbados?)



Diz a lenda que no Chaco a temperatura já chegou a 57 graus, e que 47 a 50 é normal.
Até os cavalos estavam na sombra das árvores....


Menos um burro, que insistia em ficar no asfalto... Será que achava que ali era mais fresquinho?


Todos sofremos muito com o calor mas, estranhamente, eu estou muito bem. Cheguei inteiro (ou quase...). Sofri pouco e ainda usei a jaqueta o tempo todo (na vinda quase não a usei). Deve ser efeito do antibiótico que comecei a tomar ontem, por indicação do Zé Mauro, Suzana e da Ivany, assessora para assuntos de saúde desta viagem.
Fizemos paradas cada vez com intervalos menores, o que deu no total 12 horas de viagem. Numa das paradas a lanchonete do posto estava lotada de brasileiros que voltavam num ônibus de uma 'excursão ao Peru'. Cada um vai aonde gosta....




De novo, em Presidencia Roque Saens Peña e Resistencia, aquela bobagem de que motos não podem andar na rodovia. Só na 'coletora' (marginal).



Chegando em Resistencia fui abastecer e... adivinhem? 
- No hay nafta!!! 
Eita Argentina que não consegue ter um mínimo de O & M (Organização e Método)....
Abasteci em Corrientes (do outro lado do rio havia gasolina normalmente.... vai entender...). A moto, que chegou a fazer 18 km/L na cordilheira, hoje fez 13 no pau da viola... Ou seja, voltou ao normal.
Como todo bom domingão de calor, o povão estava todo na 'playa' do Rio Paraná.


Estamos de novo no M A R A V I L H O S O hotel Guarani em Salta, onde tomamos algumas cervejas Quilmes e jantaremos os nossos últimos lomos e bifes de chorizo argentinos.
Amanhã: Assunção, Paraguai.

Atacama: 17/01 - De Corrientes a Asunción (Paraguai)

17/01 - De Corrientes a Asunción (Paraguai) - 350 km, aproximadamente 4.310 desde Londrina;

Só porque chamei o hotel Guarani (Corrientes) de maravilhoso, ontem o serviço deixou a desejar no restaurante. Tudo demorado, pratos errados, meio sujinho.... Mas foi a melhor relação custo/benefício desta viagem, em minha opinião (260 pesos argentinos por casal - uns 130 reais). Só a pousada de Purmamarca (Terrazas de La Posta) superou nas instalações, mas por 440 pesos o casal...
Saímos tarde, perto das 11, pois estávamos muito cansados dos 830 km pelo calorento Chaco do dia anterior. Na saída da cidade, eu e o Toni fomos parados pela 'policia' por não estarmos na 'coletora', que 'motos internacionales' tinham eu ir pela coletora, 'por su seguridad', etc. Era o golpe que o Peter (da UEL) relatou no viagem dele o ano passado.... 
Foi quase meia hora de blá, blá, blá, até a conversa mudar para amenidades, vamos facilitar para vocês, etc. Ficou por isso mesmo. Muita cara de pau de la policía...
Havia a previsão de muita chuva e, de fato, ela veio com força.


Tivemos até que parar um pouco, num posto policial coberto, e acabou molhando tudo, até a roupa que estava na mala. Isso nunca tinha acontecido antes.



O meu telefone, que estava dentro da jaqueta teoricamente impermeável, molhou e foi pro beleléu.....
O trajeto é todo plano, retas, e com vegetação mais exuberante do que o chaco. A entrada no Paraguai é um caos. Se faz as duas imigrações e aduanas no lado Paraguaio. De cara apareceram uns caras - que pensei serem funcionários, mas depois percebi serem um tipo de 'despachante' - que facilitaram tudo em minutos, sem precisar apresentar quase nada de documentos. Morri com 100 pesos argentinos (uns 50 reais). Também ficou de nos trazer até o hotel (a fronteira fica uns 35 km do centro da cidade, pois tem-se que dar uma volta grande para cruzar a ponte do rio Paraguai), mas como estava difícil acompanhá-lo em 2 motos e uma caminhonete no trânsito, agradeci e fomos pelo GPS.





Esse, por sua vez, nos pôs em algumas furadas, mas acabamos chegando bem no Hotel Ibis (novinho e bom, como sempre. gosto muito do Ibis). Sujos e molhados.


Tomamos banho e fomos jantar e passear no Shopping Del Sol, que fica bem na frente.


Atacama: 18/01 - Assunção

Asuncion, capital... O que dizer? Ficamos por lá um dia para conhecer a cidade. Mas o que fazer lá? Aonde ir? Fuçando na internet não achei muitas informações. Numa locadora de carros, no hotel, conseguimos contratar um citytour (o Toni e a Ju optaram por não fazer) e lá fomos nós conhecer o pouco que há para ver. Alguns edifícios públicos, igreja, um monte (cerro Lambare) com vista panorâmica e só. Em 2 horas estava tudo visto.  





Tínhamos decidido ficar pelo centro da cidade, mas o calor nos obrigou a mudar os planos e visitar outro shopping, onde havia até uma feirinha do produtor rural no estacionamento.


Em resumo: Asuncion é aquilo que imaginamos do Paraguai: meio bagunçado, meio sujo, meio mal cheiroso, muito contraste social, etc. Muito carrão também.


Na capital e arredores vive quase 1/3 da população.
De cima do cerro Lambare dá para ter uma boa idéia da cidade. Uma planície à beira do rio Paraguai. Quando é a época das cheias muita coisa alaga, inclusive o lixão da cidade que se esparrama por tudo....



À noite jantamos de novo no shopping Del Sol, em frente ao hotel.


Atacama: 19/01 - De Asuncion (Paraguai) a Cascavel (PR)

19/01 - De Asuncion (Paraguai) a Cascavel (PR) - 470 km, aproximadamente 4.780 desde Londrina

Saímos de Asuncion mais ou menos 7 da manhã. A estrada, dupla no início e no final, passa por muitas cidades, tem bastante do trânsito caótico do Paraguai, veículos fumacentos, muitas motos pequenas no acostamento (sem placa, capacete, farol, etc.), muita polícia, e por aí vai.







Tudo isso fez com que levássemos uma eternidade até Ciudad Del Leste. O interessante é que quando mais andávamos na direção do Brasil, ou seja, mais nos afastávamos da capital, melhor a estrutura ficava. Mais agricultura, casas melhores, estrada em melhor estado, etc.





Logo antes do último pedágio (motos não pagam), paramos para ligar para o meu amigo Fidel - na casa dele almoçamos - e nos despedir do Toni e da Ju, que resolveram tocar em frente para tentar chegar mais cedo em casa.



O Fidel nos encontrou e escoltou até a sua casa, no Paraná Country Club em Hernandárias, cidade ao lado da Del Leste. Lugar muito arrumado, por sinal. Lá comemos o quibe do Fidel... delicioso!







Depois do almoço ele nos mostrou o lugar e nos 'atalhou' até o shopping novo que há por lá, onde nós e a família do Zé Mauro fizemos umas 'comprinhas básicas'....
Saímos de lá 7 da noite e tocamos até Cascavel, onde dormimos. O Toni e a Ju dormiram em Maringá, uns 300 km adiante.
Devem estar se perguntado: por que passar pelo Paraguai? Respondo: sei lá! Foi uma daquelas brilhantes idéias minhas de roteiro.... e que ninguém questionou.... 
Valeu à pena? Pela 'aventura', talvez. Recomendo? Certamente NÃO!

Atacama: 20/01 - De Cascavel a Londrina

20/01 - De Cascavel a Londrina - 370 km, 5.150 desde Londrina

Bom pessoal, chegamos ao fim de mais esta viagem. Saímos de Cascavel 9 da manhã (eu estava um bagaço de cansado), com muita neblina, tocamos até Campo Mourão onde paramos para abastecer, comer e ver a nossa grande amiga Gislaine que foi nos encontrar no posto.





De lá tocamos até Mandaguari, onde tomamos um cafezinho e demos um oi para o pai da Inha, e 3 da tarde estávamos em casa. O Toni e a Ju também já chegaram bem em Campinas. Imagino o mesmo do Zé Mauro e família (Bauru). Liguei lá e eles não estavam. No mínimo, saíram para umas cervejinhas...

Agradeço mais uma vez a companhia de vocês todos(as), assim como espero que tenham gostado, e até uma próxima. 

Abreijos.

Otavio